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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

MULHER SEM NOME, MAS COM UM DEUS E UMA MISSÃO

DUSILEK, Nancy Gonçalves. Mulher sem nome – dilemas e alternativas da esposa de pastor. São Paulo: Vida, 2003, 96p.

Nancy Gonçalves Dusilek, natural de Suzano, São Paulo, nasceu em um lar cristão, é Bacharel em Educação Religiosa (IBER – Instituto Batista de Educação Religiosa) e licenciada em Letras pela Faculdade Veiga de Almeida, ambos no Rio de Janeiro. Casada com o Pr. Darci Dusilek, é mãe de Sérgio e Heloísa Dusilek. É autora dos livros Liderança Cristã, Cristo em Minha Vida Diária e A Família no Plano de Deus, e redatora de revistas cristãs como Mulher Cristã Hoje e Vida Cristã.
A autora, na obra Mulher sem nome – dilemas e alternativas da esposa de pastor, utilizando-se de sua experiência de vida, se propõe a discutir dilemas tão comuns a essas mulheres e apresenta alternativas, formas de enfrentar, as mais diversas situações com o intuito de levá-las “a assumir o compromisso de melhor servi a Deus, e a caminhar nesta vida com alegria e consciência de seu privilégio e responsabilidade como esposa de pastor”. (p.10).
Ao tratar dos principais assuntos e interesses dessas mulheres, Nancy Dusilek, busca conscientizá-las da missão que receberam de Deus: o importantíssimo e muitas vezes não reconhecido papel de mulher sem nome.
O livro foi pensado para suprir a carência de literatura do gênero, que visa orientar mulheres jovens ou recém-chegadas à posição de esposa de pastor, a enfrentarem a dificuldade de escolher a melhor maneira de agir nas mais variadas situações. No entanto, a autora adverte que não propõe “um modelo ideal de esposa de pastor”, pois, como reconhece: “Isto não existe”. (p.10).
A obra apresenta-se dividido em 15 capítulos que discutem os mais diversos aspectos da vida da mulher de pastor. Do primeiro ao sexto capítulo, a autora apresenta os mais íntimos sentimentos, questionamentos, anseios e limitações dessa mulher. Analisa as possíveis circunstâncias que a levaram a se tornar esposa de pastor; destaca a diferença entre o ser e estar esposa de pastor, apontando para a necessidade de ‘vestir a camisa’ mental, emocional e espiritualmente da “desafiadora posição que passará a ser ocupada pela mulher que Deus colocou ao lado de um homem vocacionado”. (p.17). Trata ainda nesses capítulos do anseio e necessidade dessa mulher crescer pessoalmente e de ser reconhecida como gente também, e não apenas um apêndice do esposo-pastor.
O sétimo capítulo discute as cobranças feitas a esposa de pastor pela família, sociedade e, principalmente, pelas ‘ovelhas’ do esposo, que muitas vezes exigem algo impossível, esperam que ela seja exemplar em todas as áreas – “ deve saber música, trabalhar com crianças, ser uma visitadora excelente (...), conselheira exemplar, além de primorosa mãe e dedicada esposa. (...) Essa mulher não existe.” (p.23).
Do capítulo oito ao décimo primeiro, Dusilek discorre sobre um ponto primordial na vida de uma esposa de pastor – a família. Família que é como       “aqueles manequins que estão sempre na vitrine das lojas. Os transeuntes passam; uns olham, gostam ou não, enquanto outros são indiferentes. O fato é que estar em constante exposição é uma situação desconfortável para qualquer pessoa” (p.43). Fato que torna ainda mais difícil o ser família de pastor. Tratando não apenas da mulher, mas de todos os que constituem ‘a família do pastor’: filhos, netos, genros, noras e o próprio pastor. A autora de maneira clara trata os inúmeros desafios de pertencer a esta família. Como o relacionamento conjugal que deve ser exemplo para os demais; as atitudes quanto à educação, comportamento e amizades dos filhos que devem ser ‘irrepreensíveis’ e quanto ao relacionamento com os cônjuges destes, seus familiares e descendentes.
No décimo segundo capítulo o tema é a vida financeira da família pastoral e as variantes que compõem esse assunto, orienta como administrar as finanças e discute a necessidade de reconhecimento pela igreja, de atender com um salário justo e digno as necessidades básicas do pastor e sua família, tal como é necessário a qualquer outra família. Pois, “alimento, moradia, locomoção, lazer, estudo, roupa, móveis, e outros itens, são aquisições que dependem de dinheiro. E a família do pastor não é exceção.” (p.69).
A organização e a privacidade do lar pastoral ou falta dela, são tratadas no décimo terceiro capítulo que destaca a necessidade da esposa ter a sabedoria de discernir e fazer discernir pelos demais que a sua casa e de sua família não é uma extensão da igreja. Apresenta ainda, o lar da esposa de pastor como o “centro das visitas” e a importância de sempre mostrar-se hospitaleira e a necessidade da colaboração do restante da família para o excelente funcionamento deste lar. (p.77).    
As dificuldades enfrentadas por ela e sua família ao lidar com as sempre possíveis mudanças de igreja, cidade e até mesmo país e suas implicações como separar-se da família, amigos, irmãos, vizinhança, mudança de colégio dos filhos e o desafio de adaptar-se em um novo lugar, casa e igreja com novos amigos, irmãos e vizinhança são discutidas no décimo quarto capítulo que, mostra essas mudanças, apesar de muitas vezes dolorosas, como novas oportunidades da ‘mulher sem nome’ entender que em “cada lugar que está o leque de amigos e conhecidos aumenta, e o número de pessoas às quais se pode ministrar, na dependência de Deus, também cresce.”(p.84).
No último capítulo a autora discute uma fase “complicada” na vida da esposa de pastor, quando esta além de não ter nome, também não tem igreja, seja quando seu marido deixa de pastorear igreja e passa a exercer algum outro cargo denominacional, ou quando essa mulher perde seu marido, seja pela morte deste ou pela separação. Nancy Dusilek ressalta, no entanto, que o termo “mulher sem igreja” é força de expressão, pois, se o “seu compromisso é com Deus, e costuma usar os dons em quaisquer circunstâncias, (...), esta mulher certamente continuará a usá-los no serviço do Reino. O compromisso é primeiro com Deus.” (p.93).
Em Mulher sem nome, Nancy Dusilek, cumpre o que propõem no início do livro que é ajudar essa mulher “a assumir o compromisso de melhor servi a Deus, e a caminhar nesta vida com alegria e consciência de seu privilégio e responsabilidade como esposa de pastor”. (p.10).
Enfim, ao discutir os dilemas de uma esposa de pastor, Nancy Dusilek tem a atitude mais valiosa que o ser humano pode ter que é reconhecer a soberania, sabedoria e o cuidado de Deus em todos os âmbitos da vida dessas mulheres pois, como afirma: “Deus não confia responsabilidades a pessoas que Ele sabe, (...) que não serão capazes de as cumprir. Ele confia em nós, e nos capacita para o desempenho da tarefa. Ele jamais nos deixa sozinhas.”(p.95).
No entanto, a autora ao se propor a escrever sobre questões que dizem respeito às esposas de pastor e para sanar a ausência perceptível de literatura do gênero, perde a magnífica oportunidade de fazer uma pesquisa mais apurada, mostrando apenas seu ponto de vista como esposa de um pastor. Ao invés de buscar apenas em outras mulheres de pastor seus dilemas, deveria também buscar nessas experiências alheias, alternativas para contrapor-se a estes dilemas.
Contudo, essa lacuna não tira da obra seu valor como um precioso “manual” para mulheres que se encontram na posição de esposa de pastor, seja ela iniciante ou experiente, mas, que encontrará neste livro um norteador que lhe ajudará a enfrentar alguns dos muitos dilemas de uma ‘mulher sem nome’.  
O livro, embora, tenha sido pensado para atender algumas das carências de esposas de pastor, é recomendado tanto para estas e para as futuras esposas de pastor quanto para seus filhos e esposos como também para suas ‘ovelhas’ e para todos quantos queiram conhecer um pouco do universo dessa “mulher sem nome”, porém, com um Deus soberano e uma missão singular.

Nayonara Taís Ramos de Mélo
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 Seminarista do Seminário Teológico Evangélico Congregacional – STEC, Campina Grande/ PB.  Pós- graduada em História do Brasil pela UEPB. Leciona História no Ensino Médio da Escola Estadual Joana Emília, Fagundes/PB.

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